domingo, 21 de agosto de 2016

Damurida

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Damurida
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Dúvidas semelhantes a quem surgiu primeiro, do tipo, o ovo ou a galinha, sempre acontecem. Como acontece também a duvida do uso ou da necessidade de alguns produtos, ferramentas ou utensílios; ou usos na alimentação.

Diz-se que o charque, foi uma necessidade de aumentar a durabilidade do produto, a carne, para ser transportada por longas distancias, por pessoas que necessitavam de alimentação para uma jornada. Mas como surgiu o primeiro charque? Talvez ao acaso, ao salgar muito a carne, que foi esquecida por algum tempo, e depois procurou-se consumi-la. E o uso do sal? Alguém deixou um pedaço de carne assada ou cosida cair no mar, durante um ida á praia. Dizem que batatas fritas, foi uma invenção de criança, em brincadeiras de fazer comidinhas. Mas a ciência sempre procura justificativas, com estratégias para justificar seus fatos, suas teorias e suas teses. O acaso não tem vez, tem que ser fruto de hipóteses, tentativas e experiências. E os portugueses nos trouxeram o bacalhau. Talvez tenha sido o primeiro uso do sal avistado nas terras brasileiras. Nova duvida.

Arriscamos aqui uma certeza, de que a carne de sol foi o conhecimento do sal, com uma quantidade moderada, de quem tem poucos recursos econômicos e tecnológicos. Mais a crença profunda do sertanejo, que salgou a carne e pôs no sol para secar, e ser abençoada pelo moradores do céu. Os deuses que moram no céu. assim como acreditam os índios, com o Sol e a Lua. Com farinha e rapadura o sertanejo fez seu farnel. E a ciência nutricional dirá: glicose e proteína, rica em fibras, uma excelente refeição; Melhor consumir com moderação, faça uma dieta de líquidos, para evitar constipação; Cuidado com o sódio que eleva a pressão. Duvidas e opiniões divididas.

E a ciência sempre busca respostas com o homem denominado como civilizado, como fonte de pesquisa. Então tira suas conclusões e faz seus relatos, criando suas  teorias. E a mesma ciência se perde no tempo e no espaço ao concluir que ideias surgem em diferentes lugares em diversas partes do mundo. E um fato semelhante aconteceu com o homem civilizado e com os índios. A damurida como uso ou consequência, intencional ou ao acaso.

Fontes de pesquisas, na internet, apontam a damurida como consequência da necessidade de comida, durante as caminhadas dos índios. Os índios primeiro adquiriram uma experiência ao moquear carnes e peixes, observando sua maior durabilidade, que foi usada em caminhadas, as suas incursões nas florestas. Mas a carne moqueada era muito ressecada e precisava de hidratação, mais alguns temperos que pudessem modificar seu gosto inicial. Águas de rios e igarapés não faltavam. Pimenta um fruto leve e resistente, que com pouca quantidade poderia promover um gosto em uma grande porção de alimento. Surgiu então a damurida, uma sopa com carne moqueada (também peixe) e pimenta, talvez muita pimenta, em quantidades e variedades. Alguns dizem ter o poder de dinamite.

Lembremos que na região dos Andes, as folhas de coca são mastigadas para suportar as caminhadas em grandes altitudes. Depois com ares civilizatórios surgiu o chá. Hoje vendido em paradas pelas estradas que escalam a região andina. Novamente a medicina: consuma com moderação. A policia: Para consumo próprio ou trafico e contravenção? O remédio e o veneno distinguem-se pela quantidade.

Pesquisando Josué de Castro, em Geografia da Fome, vamos descobrir que pimentas são utilizadas como alimento, prolongando a sensação de satisfação, prolongando a ausência de fome. Comunidades carentes pesquisadas por Castro, o levaram a esta conclusão, tendo como justificativa seu grande uso na culinária baiana. Com muitos pratos de origens da comida escrava e africana. Os indianos também usam muito a pimenta, até no café da manhã com ovos fritos (uma experiência própria). Curiosidade: o mesmo efeito da pimenta se dá com a cachaça, segundo Josué de Castro

E surgem algumas dúvidas. Porque os índios transportariam pedaços de carne moqueada, mais diversos temperos, na maioria pimenta? Não poderiam dispor de caças e de pescas, dispor de frutos colhidos que já conheciam e participavam de suas dietas diárias? Com arcos e flechas não obteriam uma carne fresca?

Respostas para as duvidas. Os índios não desperdiçariam alimentos. E ao invés de buscar novas caças e novas pescas, poderiam consumir sobras que restaram sobre a fogueira. A refeição poderia estar tão boa, que ao invés de arriscar novas caçadas e novas pescarias, poderiam consumir o que restara. A eliminação de vestígios de um acampamento, com refeição, também pode ser uma justificativa. E como ultima resposta: a criatividade é infinita.

A carne moqueada também gera duvidas quanto ao seu surgimento. pode ter se originado das sobras esquecidas sobre uma fogueira, onde já não existia mais fogo intenso, somente brasas e fumaça. O processo que o homem civilizado chama de carnes defumadas, com calor, quantidade de carne e de fumaça, todas controladas.

Por algum tempo, tropas diversas atravessaram sertões, levando na bagagem sobre as suas montarias: feijão e farinha; charques e linguiças E nas suas paradas organizavam um feijão de tropeiro, cozinhando e misturando tudo. O carreteiro, motorista de caminhão, leva na boleia: arroz, charque e defumados. E em suas paradas pelas estradas faz um arroz de carreteiro, com tudo misturado. As caminhadas são sempre atualizadas. Dos caminhos com caminhadas surgiram os caminhões.

Hoje já existem enlatados, casas motorizadas, e trailer com freezer e forno de micro-ondas. Quem quer tudo fácil e tudo a disposição, basta entrar em um restaurante de estrada e escolher no cardápio, onde alguém já transportou os mantimentos, exercendo todos os papeis da história, índios, sertanistas, tropeiros ou carreteiros, inclusive cozinheiros. Comidas que só usam uma panela. Saem da cozinha e vão direto para a mesa, até mesmo nas panelas, dispensando louças e travessas. Acreditamos ser assim a damurida, sorvida em cuités, cabaças ou quengas. Sem garfos e sem colheres, na modalidade primitiva.

Hoje (agosto/2016), circula pelo Nordeste, um índio escritor, artista e acadêmico, formado em teorias acadêmicas universitárias, mas fundamentado em conhecimentos indígenas do povo Macuxi. O aluno da UFRR - Universidade Federal de Roraima, esta passando por cidades do Nordeste. Deve chegar a Natal/RN no próximo mês. E pode fazer uma visita para avaliar uma damurida feita em solos de outras tribos, localizada no litoral das terras potiguares. Talvez com novos temperos e outros ingredientes influenciados por outros povos e os ares marítimos.  Damurida pode ter alguns significados contidos, até aqui desconhecidos. Significados e raízes que podem ser contados por quem conhece bem suas origens.

Na era da internet, as noticias chegam primeiro, tal como as mensagens com fumaça e reflexos com espelhos. Depois é que surgiu o telegrafo, usando o traço e o ponto, provavelmente copiados ou derivados de outros códigos, como um simples piscar de olhos, rápido ou prolongado, na mesa ou em um jogo.  E que a ciência não saiba desta hipótese, vai afirmar ser puro delírio baseado em empirismo, sem fundamentação científica.

O computador usou repetições de um ou zero (1/0). Baseado no código morse? Ou do claro e escuro, do dia e da noite? O mundo é bipolar. Só enxerga duas hipóteses. A ciência não passa de uma nova religião, baseada em gráficos e crenças. os que sabem e os que não sabem, o bem e o mal. Deus e o diabo; o teórico e o empírico.




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Texto em:

http://gororobadacultura.blogspot.com.br/2016/08/damurida.html


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Roberto Cardoso (Maracajá)
em 21/08/2016

Colunista em  Informática em Revista
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Jornalista Científico FAPERN/UFRN/CNPq

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